Sobre o não compartir da rejeição queer, de acordo, mas merece mais nuance:
o que é facto é que muita mulher bem pensante (para não falar das enfermeiras cujas torturas apunhalam traiçoeiramente qualquer noção feminista de quem quer que seja, desde o mais misógino à mais insegura, passando por quem tenha apenas vaga noção e vontade de aprender ou seja simplesmente uma pessoa decente), dizia o que é facto é que para muita mulher bem pensante o aprisionamento, e isto aplica-se com especial incisão aos hospitais psiquiátricos onde o hipócrita ideal ostensivo é de re-educação e reabilitação (quem são eles para o fazer, perguntarão os inocentes), o aprisionamento, a contenção, a catatonia induzidas, o refrear de qualquer impulso vivente em favor de um civilizacionismo estéril, tudo afectando mais as pessoas mais proletarizadas, desde um academismo privilegiado que manchará para sempre qualquer reivindicação feminista dessa gente – para muita mulher bem pensante essa é uma táctica válida, um garante de segurança, ou vingança ou retribuição, o interesse nunca é, como nunca seria, de qualquer superação da condição patriarcal.
Para não falar do aproveitamento recente da causa trans por parte dos bófias de bata branca, que vêm o assunto como um exercício para estudo, agora que ainda patologizando severamente, oficialmente despatologizaram, aproveitando-se da vulnerabilidade de pessoas trans jovens para lhes vender uma solução que apenas lhes garante identidade contanto aceitem os preceitos psiquiátricos que lhes exigem uma permanente justificação e validação.
Por isso as fufas que me perdoem, mas toda a solidariedade a este varão, cujo preconceito nunca se esvairá neste gulag moderno ocidental, quando muito apenas se exacerbam ressentimentos. (na verdade, quer a sua percepção esteja certa ou errada, na minha experiência o lesbianismo é severamente punido psiquiátricamente ainda em muitas destas prisões farmacológicas, centros de correcção sexual – para não dizer de conversão)
Aqui na tuga ninguém vê mal nisto, claro, é preciso alguém ser completamente imaculado desde a perspectiva dos morais para merecer alguma solidariedade anti-psiquiátrica – algo que até ver nunca aconteceu, uma vez que é para a choldra que mandamos os indesejáveis em nome da estratégia pela qual se mede as pessoas segundo a sua utilidade (para não falar da sacralização da família e do trabalho de muito boa “malta”)
Liberdade a a todos e todas as prisioneiras!