14 de Outubro, às 17h, estaremos ao vivo na Assembleia Popular pela Palestina, no Porto. Acompanha o live nesta página às 17h. https://cmi.indymedia.pt/?p=32752
Depois o vídeo fica disponibilizado aqui na página e no peertube.
Manifesto:
Na madrugada de 7 de outubro de 2023, parte da resistência palestiniana, a partir da Faixa de Gaza, iniciou uma ação de resistência contra o projeto colonial sionista, liderada pelo Hamas, a que se juntaram outros coletivos em toda a Palestina. Esta é uma resposta ao escalar de violência por parte do exército e de colonos israelitas, principalmente na Cisjordânia e em Jerusalém. O ano de 2023 é já o mais mortal para pessoas palestinianas desde 2005 — mais de 200 tinham sido mortas ainda antes dos acontecimentos deste fim-de-semana. As últimas semanas têm também sido marcadas por um aumento do número de colonos que, em Jerusalém, têm forçado a entrada na praça onde se encontra a mesquita de Al-Aqsa, um dos mais importantes locais de culto do islão.
Esta ação surge quando se cumprem quase 20 anos de bloqueio a Gaza por parte do Estado sionista (e também do Estado egípcio), que tornou esta região uma prisão a céu aberto, onde cerca de dois milhões de pessoas vivem na miséria, sem dinheiro, sem acesso constante a água potável ou eletricidade, sem a possibilidade de fugirem ou se refugiarem, e com a constante ameaça de bombardeamentos e massacres por parte do poder ocupante. Recentemente, no passado maio, mais de 30 pessoas palestinianas foram mortas em mais um ataque israelita.
Foi isso que as forças militares ocupantes fizeram novamente como resposta a esta ação de resistência. Depois dos guerrilheiros do Hamas terem lançados rockets e conseguido, pela primeira vez em anos, destruir a separação de metal construída para dividir Gaza dos territórios ocupados em 1948 pelo Estado de Israel, infiltrando-se em colonatos para destruir edifícios como esquadras da polícia e para capturar soldados e colonos, o exército sionista iniciou mais uma campanha de punição coletiva, bombardeando algumas das zonas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza. Já centenas de pessoas morreram desde a manhã de sábado. Infelizmente, a normalização desta dimensão de violência e devastação da resposta israelita — cujo poderio militar é inúmeras vezes superior ao palestiniano — é também uma realidade. Como se lê no editorial do jornal Público de ontem, “os Israelitas irão responder de forma brutal nas próximas horas.”
Mas o que se passa na Palestina não pode entender-se sem o devido contexto dos últimos 75 anos de ocupação. Pelo menos desde 1948 que a nakba (catástrofe, em árabe) é uma realidade para a população palestiniana, que resiste contra a limpeza étnica de todo um povo por parte de um império colonial que mantém o apoio das maiores potências do ocidente. Como têm feito sucessivamente, representantes políticos como Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ou António Costa, primeiro-ministro de Portugal mostram solidariedade com o apartheid.
Todos os dias são mortas pessoas civis na Palestina pelo Estado de Israel e pelos seus colonos. No entanto, a violência a que agora assistimos é resultado direto da ocupação do povo palestiniano por parte de um projeto colonial e os seus 75 anos de limpeza étnica. Negar o seu direito a fazê-lo é contrariar o direito à resistência dos povos ocupados. Não temos qualquer afinidade com o projeto político do Hamas, mas reconhecemos o desejo de libertação de todo um povo.
Porque acreditamos no direito do povo palestiniano de resistir à ocupação colonial com qualquer meio à sua disposição (como, aliás, expressa a lei internacional), manifestamo-nos em solidariedade com a sua luta na segunda-feira, dia 9 de outubro, pelas 18 horas, no Largo de Camões, em Lisboa. A descolonização não é apenas uma metáfora, um enquadramento teórico. E é quando ela se torna real que temos de dizer: sim, defendemos a Palestina livre.
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