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Deseucaliptar | Descarbonizar | Democratizar
protesto 20 setembro
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chamado para mobilização popular em defesa das
nossas vidas, pelas florestas, solo, água e ar respirável
Instigadas pelo sofrimento das populações rurais que, em Portugal, são as mais
vulneráveis perante o repetido terror dos incêndios e com o peso das centenas
de pessoas mortas este verão em Portugal pela Galp, EDP, Navigator e Altri,
através das ondas de calor voltamos a sair à rua em defesa das vidas de todas
nós, ano após ano mais e mais ameaçadas, e por uma floresta que nos ajude a
mitigar o impacto crescente das altas temperaturas e a destruição causada por
um clima cada vez mais feroz e errático.
Fazemo-lo pelo terceiro Setembro consecutivo, juntando centenas de pessoas
em várias cidades, vilas e aldeias do país – agora com concentrações por todo o
mundo, no ambito da Draw The Line / Delimite em que várias organizações,
povos, comunidades e lideranças indígenas, “da Amazónia ao Pacífico”, nos
convocam a retomarmos as rédeas do futuro, pois a única resposta somos nós:
as comunidades e as pessoas.
Fazemo-lo ainda, ou sobretudo, porque o poder político, celuloses e indústria
fóssil, em sólito conluio, seguem na contra-mão do que seriam verdadeiras e
urgentes políticas-de-vida: conscientes dos desafios climáticos e da pressa em
interromper e superar um sistema que coloca o lucro (nunca distribuído) e a
falácia do crescimento económico infinito como única possibilidade ao viver
humano.
O resultado desta acção, voluntária e premeditada, atingiu globalmente o seu
ponto crítico: turbulências económicas, catástrofes ecológicas e climáticas,
instabilidades políticas, ataques violentos aos direitos humanos fundamentais,
militarização e genocídios, com os ricos ficando mais ricos e influentes e os
pobres mais pobres e manietados.
Em Portugal a desgraça é congénere. Somos um país onde as populações do
interior foram empurradas para o litoral, transformando grande parte do espaço
rural em zonas de pilhagem. As empresas e as suas monuculturas impostas,
mataram a biodiversidade e,exponenciadas pelo aquecimento global,
transformam Portugal num deserto, fustigado pelos incêndios sem tréguas.
Somos, em termos relativos, o país com mais área de eucalipto no mundo. Em
termos absolutos, o quarto. Ao perigo da monocultura do eucalipto adiciona-se o
tempo quente e seco, resultado de décadas de atividade encorajada pelo poder
político e subsidiada pela indústria fóssil e da celulose. Como consequência,
somos o país que mais arde na Europa. Empresas como a Navigator e Altri
sequestraram para si uma fatia imensa do território e, como todos os males não
travados, cresce na sua tentativa de propagação além fronteiras, como agora se
assiste com o recente projecto aprovado de uma fábrica da Altri na Galiza.
Por outro lado, a indústria da celulose e as empresas de combustíveis fósseis
como a Galp e EDP fazem lucros recorde enquanto as suas emissões levam a
recordes de temperatura e milhares de pessoas mortas em ondas de calor.
Outros males alheios ao bem-estar de pessoas, animais e seus biomas,
concorrem para a destruição sócio-ambiental do nosso território: extração de
lítio, agroplantações e pecuária intensivas, o embuste que tem sido a gestão das
faixas de combustível e as instalações de parques fotovoltaicos e eólicos em
ecossistemas abatendo milhares e milhares de sobreiros e carvalhos –
essenciais para a resiliência às alterações climáticas e absorção de emissões -, o
turismo massificado, a construção civil predatória, a ascensão da extrema-
direita. Todas são manifestações do crescimento capitalista a todo o custo e
desmantelamento da democracia. A imposição da destruição e colapso como
única opção de futuro são a captura total do poder popular pelas elites políticas
e económicas, forças destruidoras da sociedade e do planeta.
A luta pela vida e pelo fim da destruição é uma luta pelo bem comum e por uma
democracia verdadeira e não apenas estes simulacros, rituais e processos vazios
que hoje se encontram no seu lugar. Cabe-nos reaver o mundo e,
colectivamente, exigir e lograr um futuro justo.
Mais do que nunca, temos de deseucaliptar e parar as monoculturas enquanto é
tempo, para construir uma verdadeira floresta do futuro – floresta autóctone e
biodiversa. Essa floresta tem de ser arrancada das mãos da indústria do
eucalipto e da biomassa. Temos de garantir a expulsão do eucaliptal e o controlo
da monocultura do pinheiro. Para começar, é preciso erradicar 700 mil hectares
de eucaliptal em Portugal. Temos de transformar a mistura explosiva de
eucaliptal, pinhal e invasoras em verdadeira floresta e bosques resilientes, que
aguentem o futuro mais quente, que travem o deserto e promovam uma
rehabitação digna do interior do país. Tal será feito com as comunidades no
centro, garantindo que quem resiste no meio rural tem fontes de rendimento
que lhes permita viver com dignidade.
Deseucaliptar
Atingido o ponto de ruptura total, é imperativo que nos organizemos
colectivamente para uma descarbonização imediata – medida sem a qual não
poderá ser travada a crise climática. Queremos garantir o fim aos fósseis até
2030, através de uma transição justa, sustentável e ecológica. Tal implicará
parar já todos esses projectos alienados de qualquer ideia de futuro, como são o
gasoduto no Norte de Portugal, as minas de lítio e a Fábrica da altri na Galiza tal
como os consumos desnecessários e do ultra-luxo. Agirmos em comunhão com
todos os povos nesta luta implicará, igualmente, 1) expulsar do Sul Global as
empresas da indústria fóssil sediadas em Portugal, 2) o cancelamento da dívida
dos países do Sul Global, 3) garantir que as empresas culpadas pela crise
climática sejam responsabilizadas pelos danos causados.
DESCARBONIZAR
Temos de tomar nas nossas mãos o rumo do planeta, recuperando o verdadeiro
sentido da Democracia. Basta de imposições empresariais em conluios políticos
contra os povos. É preciso construir uma sociedade em que as decisões são
feitas pelas pessoas e para as pessoas, de forma colectiva, participativa e
plural; em que a terra pertence às pessoas, e onde no centro estão as
necessidades reais de todas as pessoas, tendo em conta as comunidades locais
e justiça global. Em Portugal, precisamos um cadastro rural total que permita
avançarmos para a gestão coletiva das terras abandonadas. Para isso temos de
nos organizar nas nossas localidades e em rede, para agirmos lado a lado.
DEMOCRATIZAR
Organizado por: Rede Emergência Florestal / Floresta do Futuro
Subscrito por:
ADPLP – Associação de Desenvolvimento e Proteção Local
das Póvoas
Associação Intervalo de tempo – ass cultural sem fins
lucrativos
Associação PRIP
Casa de Gigante
Climáximo
CooLabora – Intervenção Social
Cova da Beira Converge
Fim ao Fóssil Coimbra
Greve Climática Estudantil Lisboa
Lousitânea, Liga de Amigos da Serra da Lousã
proTEJO – Movimento pelo Tejo
Reabrir a Galé
SOS Árvores de Braga
Arbor
Global Florest Coalition
ClimAção Centro
Um ColectivoAssociação PRIP e Cova da Beira Converge
MUDA (Movimento de União em Defesa das Árvores)
Eco-Cartaxo
Cova da Beira Converge
Associação Cultural e Ecológica Palettentheater Kollektiv
Contra todos estes flagelos a nossa coragem e o desafio histórico de as
enfrentar. Não nos sobra alternativa além de nós mesmas. Dia 20 de Setembro,
junta-te a nós em algum dos muitos locais de protesto e organização popular.
A Rede Emergência Florestal / Floresta do Futuro foi criada em 2022 na sequência da Caravana pela Justiça Climática, reunindo membros de dezenas de aldeias e cidades em Portugal. Une os seus membros a convergencia sobre a necessidade de mobilização social acerca de incêndios florestais em Portugal, incidindo nos três principais vértices deste tema no nosso tempo: eucaliptização, abandono e crise climática.
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