Comunicado | Rede 8 Março Algarve
Dia 8 de Março, em Faro, a polícia tentou impedir uma companheira de participar na marcha pelos direitos das mulheres por se encontrar com o seu bebé.
Pelas 18h, enquanto as companheiras se juntavam próximo do Tribunal de Faro, dois agentes de polícia (Marco de Sá e João Silva) dirigiram-se ao grupo de manifestantes para confirmar o trajeto da marcha.
Ao verem chegar uma companheira com o seu bebé no carrinho, bem protegido por uma capa de chuva própria para dias chuvosos, o agente Marco de Sá dirigiu-se a ela e perguntou se ela ia “participar na marcha com o bebé”.
A companheira respondeu-lhe que sim e o agente disse-lhe de imediato que iria por em risco a criança.
Quando questionado por várias companheiras do porquê, disse, num tom intimidatório, que se ela avançasse para a marcha com a criança, ele teria de a identificar: “ou se identifica ou é privada da liberdade”. Questionado por todas pelo motivo da identificação, prosseguiu pondo em causa a capacidade desta mãe de cuidar da sua criança.
Alegou primeiro que estava a chover. Foi-lhe respondido que a criança estava bem protegida da chuva pelo carrinho e por mantas, e que qualquer mãe tem, obviamente, o direito de andar na rua com o seu bebé, faça chuva ou sol.
Passou então para o argumento que, por ser uma manifestação, poderia haver situações de risco, como uma contra-manifestação, dando o exemplo de apoiantes do Ch#ga.
Quando questionados se a sua função não era também a de garantir a segurança de quem marchava connosco, respondem que não podem garantir, insistindo que a mãe está a pôr em risco a criança.
Mesmo perante os argumentos das companheiras, de que enquanto mulheres, estamos todos os dias em situações de insegurança, quer na via pública, quer dentro das nossas casas, que a nossa companheira marchava por ela e pela sua criança, insistiram no seu “zelo”, dizendo que a companheira teria de se “demarcar da manifestação ou ser identificada”, chegando mesmo a dizer que iriam reportar a situação à CPCJ.
Perante os protestos de todas as companheiras, disseram-nos então que “a manifestação só avança quando nós (PSP) dermos ordem para isso”, obrigando-nos a todas a esperar que falassem com os seus superiores (aqui a chuva já não importava, nem o bebé, com certeza).
Temos de ficar em casa. vestir-nos e comportarmo-nos de maneiras impostas ou então “merecemos o mal que nos pode acontecer?? Tornem as ruas seguras para todes! As ruas não são seguras para as mulheres QUALQUER DIA DO ANO e se for uma mulher com carrinho de bebé ou com cadeira de rodas. onde está a sua segurança garantida. se. para além dos riscos que corre só por ser mulher, ainda tem de andar no meio da estrada por não haver passeios acessíveis?
ESTA MÃE FOI INTIMIDADA. Questionaram a sua capacidade de cuidar da sua criança. Quiseram impedi-la de exercer o seu direito a manifestar-se.
NÃO PODEMOS FICAR CALADAS.
PRECISAMOS DE TODAS PARA PROTEGÊ-LA.
CALADAS NOS QUEREM? REBELDES NOS TERÃO!