A organização não-governamental (ONG) Frente Animal, numa campanha que intitulou Fim do Doce, acusa o Pingo Doce de obter produtos de fornecedores que alegadamente maltratam os galináceos. A ONG afirma possuir imagens que mostram galinhas deformadas, aves incapazes de se mover, amontoadas entre cadáveres e manuseadas com violência, entre outros flagelos. ref
O Pingo Doce, no entanto, assegura que realiza auditorias regulares aos seus fornecedores, incluindo critérios de bem-estar animal, e que não foram identificadas situações como as apresentadas pela ONG. Afirmando que, durante uma reunião entre as duas entidades, terá solicitado informações específicas sobre os fornecedores em questão para conseguir investigar as alegações, mas que a ONG se recusou a fornecer mais detalhes. A empresa destacou ainda em resposta que, desde 2019, todos os ovos de marca própria vendidos nas suas lojas provêm de galinhas que não vivem enjauladas e que, inclusive, já tem em curso um processo de certificação em bem-estar animal junto dos seus fornecedores de frango. Refutou, em suma, todas as acusações de maus tratos desta ONG e advertiu que, caso a campanha que considera ser ofensiva ao seu bom nome não cesse, irá tomar medidas legais contra a Frente Animal. ref
Esta não é a primeira vez que a indústria avícola em Portugal enfrenta acusações de maus-tratos a animais. Aliás, são várias as investigações a expor que nesta indústria, por exemplo, apesar de regulamentações que obrigam a períodos e condições para o descanso dos animais, isso praticamente não acontece, o que resulta num aumento significativa da sua tormenta. ref
Já em novembro de 2022, um fornecedor do Lidl foi publicamente acusado de manter galinhas em condições deploráveis, com aves amontoadas e a debicar cadáveres. ref Mais recentemente, em Março de 2024, a equipa de investigação e reportagem Prova dos Factos da RTP revelou que existem diversos aviários em Portugal sob suspeita de práticas potencialmente ilegais. Contou com o apoio de um grupo de investigadores internacionais para obter acesso exclusivo a gravações de mais de 40 explorações de frango e ovos no país. E, essas imagens reveladoras que foram fornecidas à Prova dos Factos, resultaram numa produção que levanta sérias questões éticas e legais ao apontar para inúmeras violações do bem-estar animal e possíveis riscos à saúde dos consumidores. Também, a Associação Vegetariana Portuguesa tem trabalhado para conseguir destacar práticas que infelizmente são comuns na indústria pecuária e envolvem um sofrimento brutal dos animais, ou por eletrocussão, devido a castrações sem anestesia e outras condições de vida que não são de todo adequadas. ref
É efetivamente fundamental a vários níveis dar visibilidade a esses trabalhos para os consumidores estarem cada vez cientes das práticas crueis que acometem os animais nas indústrias e para passarem a considerar opções mais éticas nas suas escolhas alimentares. Obviamente, o interesse e a transparência por parte das empresas que lidam com animais, bem como o cumprimento imediato e rigoroso de todas as normas já elaborads para o bem-estar animal, são elementos basilares para se tentar garantir desde já e ao máximo possível que os produtos consumidos – ainda pra mais na sua maioria – não resultam de sofrimento.
Em específico, para mais informações sobre a campanha Fim do Doce da ONG Frente Animal, as suas investigações e como pode ajudar, visite o site fimdodoce.pt
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