Durante décadas, os moradores sofreram com explosões que rachavam paredes e projetavam pedras sobre telhados, com o ruído, o pó, a pressão sobre os solos e a água com impactos ambientais e de saúde que nunca foram verdadeiramente reconhecidos. A exploração parou, mas agora querem reativá-la recorrendo a processos de legalização que se têm revelado, no mínimo, estranhos.
A devastação já começou.
Em 2024, foi executada uma terraplanagem de cerca de 4 hectares, parte deles em plena Reserva Ecológica Nacional (REN). Árvores autóctones foram destruídas, incluindo sobreiros protegidos por lei. As obras avançaram sem qualquer autorização. A CCDR-N e o SEPNA confirmaram as irregularidades, mas as consequências não são até hoje conhecidas.
As linhas de água foram desviadas, deixando casas sem o seu abastecimento tradicional. Águas pluviais misturadas com resíduos de construção e alcatrão escorrem hoje para o Rio Leça, muito perto da sua nascente e das emblemáticas Quedas de Água da Fervença, numa zona de grande valor ecológico, turístico e patrimonial.
Este é um problema ambiental com provas à vista e também um trauma coletivo reaberto. Há pessoas a viver muito perto da pedreira.
O futuro que nos querem impor
Se esta pedreira for autorizada, o futuro próximo de Monte Córdova será marcado por um agravamento da qualidade de vida. Explosões farão tremer toda a laje geológica interligada sob as fundações das casas e, quanto mais fundo for escavada a pedra, maior será o risco de danos estruturais nos edifícios da freguesia.
O constante vaivém de camiões, a poeira fina em suspensão, o ruído ensurdecedor das britadeiras industriais e o processamento da pedra junto às habitações comprometerão novamente a saúde, o sossego e a segurança da população.
A presença já visível e constatada pelas autoridades de resíduos de construção e demolição (RCDs) no local levanta a suspeita grave de que a área possa também servir para outras atividades de impacto ambiental elevado e riscos desconhecidos.
A estrada EM 558-1 já hoje sobrecarregada por trânsito pesado que foge à rede nacional, tornar-se-á intransitável e ainda mais perigosa, num território que já perdeu o direito elementar a ter ruas seguras e respiráveis, tanto na Freguesia em causa como em Santiago da Carreira e no restante troço que liga à N105.
Esta não é uma pedreira como há 20 anos. É uma ameaça à escala industrial e cabe-nos travá-la antes que seja irreversível.
Reivindicamos:
· O encerramento definitivo da pedreira de Lajedo;
· A revogação imediata da licença atribuída à Edilages;
· A suspensão da revisão do PDM nas áreas afetadas;
· Um plano de recuperação ecológica da zona: reposição das linhas de água, replantação de espécies nativas, proteção do percurso até às Quedas da Fervença, reconhecimento do caminho municipal e implementação de uma floresta biodiversa e estratificada, essencial para a regeneração do solo, a retenção de humidade e a prevenção de incêndios.
· A responsabilização dos autores de atos lesivos ao ambiente
· Um compromisso público da autarquia de que não será permitida nova exploração mineira neste território.
Monte Córdova tem memória. E tem voz.
Esta é uma luta pela legalidade, pela saúde pública, pela justiça territorial e pela regeneração de um ecossistema já danificado.
Porque há lugares que nunca deveriam voltar a ser feridos.
Nota: A presente petição está também disponível em formato papel, podendo ser assinada presencialmente junto dos promotores locais e na Junta de Freguesia de Monte Córdova (Largo Monsenhor Moreira Neto 159)
Imagem: Jornal Cordovense
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