Estudantes retidas e obrigadas pela polícia a despirem-se na Assembleia da República

Polícias retiveram e obrigaram 9 estudantes a serem revistados e despidos, recusando-se a dar justificação

Esta tarde, 9 estudantes tentaram fazer um protesto pelo fim aos combustíveis fósseis na sessão plenária da Assembleia da República. Depois de vários já estarem sentados no local onde teria início a sessão plenária, um deles, enquanto estava a entrar, foi levado para uma sala isolada e obrigado a despir-se.

De acordo com a porta-voz, Teresa Núncio, embora a revista para entrar na Assembleia da República seja comum, a pessoa foi submetida a este ato “humilhante” de se despir por “ter suspeita de “ar de ativista”, uma vez que não encontraram consigo nenhum objeto perigoso. 

De seguida, os restantes estudantes foram também chamados e retidos, tendo vários sido obrigados também a despir-se. Nenhum dos estudantes acabou por ser identificado, pois, segundo estes “a polícia não encontrou motivo para tal”, mas foram impedidos de assistir à sessão plenária. 

“Obrigaram-nos a despir por terem medo de que fossemos fazer uma manifestação pacífica”, explica Teresa. “Mas recusaram-se a dizer porque é que nos estavam a revistar e a reter. A certo ponto chegaram a dizer que estávamos detidos, apesar de oficialmente nunca termos sido detidos”.

“A repressão ao direito de manifestação chegou a este ponto. Não há qualquer justificação para fazer alguém despir-se só para impedir um protesto pacífico. Têm medo que protestemos, porque sabem que estamos do lado certo da História”, afirma.

Este protesto inseria-se no movimento estudantil pelo fim ao fóssil, que declarou que “Não há paz até ao Último Inverno de Gás”. De acordo com a convocatória lançada pela Greve Climática Estudantil Lisboa (https://greveclimaticalisboa.org/2023/09/declaracao-de-compromisso-pelo-fim-ao-fossil/), os estudantes “não vão dar paz ao governo até que este se comprometa a um plano de transição justa compatível com os limites ditados pela ciência”. 

“O parlamento, tal como todas as instituições, devia estar em estado emergência”, explicou Teresa. “A inação está a roubar-nos o futuro e nenhum partido tem um plano compatível com a ciência para lidar com a crise climática”. “Estamos fartas de promessas falsas, estamos determinadas a continuar a lutar”. 

Os estudantes prometem voltar numa onda de ações com início a 13 de novembro, em que vão não só voltar a ocupar escolas e universidades, mas também “interromper a normalidade das instituições de poder que estão a condenar os nossos futuros”. 

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