FIM AO GENOCÍDIO EM GAZA
English translation below
Estamos a assistir a um genocídio. Durante esta semana, o regime sionista deu mais um passo em frente no seu plano de completa destruição de Gaza. O povo palestiniano vem-no dizendo há muitas décadas, e revisitando a definição de genocídio que o artigo 6º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional oferece, é impossível negá-lo. Raz Segal, historiador israelita e professor de estudos do holocausto e genocídio na Universidade de Estocolmo, afirma que “o ataque a Gaza pode ser entendido […] como um caso clássico de genocídio a desenrolar-se à frente dos nossos olhos.”
Desde o passado sábado, o governo israelita tem prometido dizimar toda uma região com mais de 2 milhões de pessoas, onde metade são crianças, como punição coletiva em resposta às ações do Hamas (o que, também diz o direito internacional, é um crime de guerra). Na segunda-feira, 9 de outubro, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, anunciou que o seu governo iria impor um cerco total em Gaza – “sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás. Tudo fechado.” Já as bombas continuam a cair. Na passada quinta-feira, o governo sionista afirmou que, em seis dias, largou cerca de 6.000 bombas em Gaza. Para comparação, o número de bombas máximo lançadas num ano na guerra do Afeganistão foi um pouco acima de 7.423; durante toda a guerra na Líbia, a NATO confirmou ter mandado cerca de 7.600.
É difícil estimar com certeza números de mortes durante uma carnificina como a que se assiste mas, até à tarde de 15 de outubro, o Ministério da Saúde Palestiniano confirma o assassinato de mais de 2600 pessoas na Faixa de Gaza. Segundo a organização de direitos de crianças palestiniana Defence for Children International, mais de 700 são crianças. Cerca de um milhão de pessoas palestinianas perderam ou tiveram de abandonar as suas casas. Mais de 12 jornalistas foram assassinados em Gaza durante esta semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou também que 14 dos seus trabalhadores foram mortos, e cinco da Cruz Vermelha.
O exército sionista bombardeou a Universidade Islâmica de Gaza, mesquitas, hospitais, escolas – incluindo das Nações Unidas – campos de refugiados, a passagem de Rafah, onde centenas de pessoas palestinianas tentavam atravessar a fronteira com o Egipto — e impedindo a entrada de ajuda humanitária –, redações de órgãos de comunicação social, e inteiros quarteirões de prédios residenciais e pequenos negócios. A Human Rights Watch confirma o uso de fósforo branco por parte do exército, proibido em áreas de grande densidade populacional.
Na quarta-feira, dia 11, a única central elétrica de toda a Faixa de Gaza ficou sem energia. Desde então, profissionais de saúde dependem de geradores para prestar cuidados, incluindo cuidados intensivos e salas de operações.
Ontem, o Estado israelita avisou a ONU que teriam 24 horas para evacuar mais de um milhão de pessoas que vivem no Norte de Gaza. A ONU considerou o ultimato “impossível” de executar, a Organização Mundial de Saúde alerta que é uma “sentença de morte” para todos os pacientes vulneráveis em hospitais. Várias famílias abrem caminho entre destroços e estradas cortadas para se refugiarem no sul, sem fazerem ideia se será seguro ou não (há, neste momento, vários relatos de ataques israelitas contra quem procura fazer esse percurso). Outras organizações, como a Crescente Vermelha, decidem ficar: “Apesar das ameaças da ocupação de bombardear, a decisão foi tomada. Não partimos e não partiremos. Os nossos profissionais de saúde continuarão a desempenhar suas tarefas humanitárias. Não deixaremos as pessoas enfrentarem a morte sozinhas.” Também a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) recusa-se a evacuar as escolas onde milhares de pessoas se encontram refugiadas. Algumas pessoas procuraram refúgio fora das suas casas, numa repetição da Nakba, mas estima-se que a maioria das habitantes do Norte de Gaza também tenha decidido ficar.
E, enquanto tudo isto acontece, Estados e instituições europeias e portuguesas solidarizaram-se exclusivamente com um Estado colonial que pratica uma limpeza étnica a todo um povo, enquanto avança um regime de Apartheid na Palestina denunciado pelo povo palestiniano há décadas e reconhecido por organizações internacionais como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional . O primeiro-ministro, António Costa, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foram rápidas a oferecer a sua solidariedade e apoio às vítimas Israelitas, afirmando que “a Europa está ao lado de Israel e do seu povo.” A Câmara Municipal de Lisboa hasteou uma bandeira israelita; a Câmara Municipal do Porto iluminou-se com as cores da sua bandeira; o Parlamento português, assim como o Parlamento europeu, também. Estas ações equivalem a uma carta branca para Israel executar a carnificina anunciada.
Apelamos a uma urgente pressão política que impeça o Estado israelita de continuar a cometer genocídio contra a população de Gaza: exigimos imediatamente um cessar dos ataques do Estado israelita, a entrada de ajuda humanitária em Gaza, proteção da ONU para os palestinianos em Gaza e um embargo de armas ao regime sionista. A nossa posição é clara: este genocídio, a decorrer com a conivência e apoio financeiro da Europa, não é feito em nosso nome.
https://docs.google.com/document/u/0/d/1-_VqKkmC6ELEtfVj_qzP_jJXTvbwMV3fHOOiio5dA9E
Assinam este texto:
- A Coletiva
- Alvorada | Nova Medical School
- Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis
- Alkantara Associação Cultural
- Associação Habita
- As Feministas.pt
- Bloque Nacionalista Galego – Assembleia de Portugal
- Casa é Um Direito
- CIDAC
- Chão das Lutas
- Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira em Lisboa
- Colectivo de Solidariedade Mumia Abu-Jamal
- Colectivo Humans Before Borders
- Coletivo pela Libertação da Palestina
- Colombina Clandestina
- Comité de Solidariedade com a Palestina
- Consciência Negra
- Cooperativa Mula
- Disgraça
- Espaço Alkantara
- Fado Bicha
- Jornal MAPA
- KILOMBO – Plataforma de Intervenção Anti-Racista
- Manas
- MAR – Movimento Anti-Racista
- Mbongi67
- Mulheres Negras Escurecidas (MNE)
- Nossa Fonte – Associação de Intervenção e Difusão Cultural
- Palestina em Portugal
- Plataforma de solidariedade com os Povos do Curdistão
- Plataforma Gueto
- PENHAS CO
- Por Todas Nós
- Revista ECOSSOCIALISMO
- Sindicato dos Trabalhadores de Call Center
- Sirigaita
- Stop Despejos
- Zona Franca nos anjos
STOP THE GENOCIDE IN GAZA
We are witnessing a genocide. Throughout this week, the Zionist regime has taken another step forward in its plan for the complete destruction of Gaza. The Palestinian people have been saying this for many decades and, revisiting the definition of genocide provided by Article 6 of the Rome Statute of the International Criminal Court, it is impossible to deny. Raz Segal, an Israeli historian and professor of Holocaust and genocide studies at Stockholm University, states that the attack on Gaza can be understood “as a textbook case of genocide unfolding in front of our eyes.”
Since last Saturday, the Israeli government has pledged to obliterate an entire region with over 2 million people, half of whom are children, as a collective punishment in response to the actions of Hamas (which, international law also says, is a war crime). On Monday, October 9th, Israeli Defense Minister Yoav Gallant announced that his government would impose a total blockade on Gaza – “No electricity, no food, no water, no gas. It’s all closed.” Meanwhile, the bombs keep dropping. Last Thursday, the Zionist government claimed that in six days, they dropped around 6,000 bombs on Gaza. By way of comparison, the maximum number of bombs dropped in a year in the Afghanistan war was just above 7,423; during the entire war in Libya, NATO confirmed sending about 7,600.
It is difficult to accurately estimate the death toll during a massacre like the one we are witnessing, but as of the afternoon of October 15th, the Palestinian Health Ministry has confirmed the murder of more than 2,300 people in the Gaza Strip. According to the Palestinian children’s rights organization Defence for Children International, more than 700 of them are children. About a million Palestinian people have lost or had to leave their homes. Over 12 journalists were killed in Gaza this week. The United Nations (UN) also confirmed that 14 of its workers were killed, along with five from the Red Cross.
The Zionist army bombed the Islamic University of Gaza, mosques, hospitals, schools – including United Nations schools – refugee camps, the Rafah crossing – where hundreds of Palestinian people were trying to cross the border into Egypt – ; and prevented the entry of humanitarian aid – media outlets newsrooms, and entire blocks of residential buildings and small businesses. Human Rights Watch confirms the use of white phosphorus by the army, prohibited in densely populated areas.
On Wednesday 11th, the only power plant in the entire Gaza Strip ran out of power. Since then, healthcare professionals have relied on generators to provide care, including intensive care and operating rooms.
Yesterday, the Israeli state warned the UN that Gazans had 24 hours to evacuate over a million people living in the northern Gaza Strip. The UN deemed the ultimatum “impossible” to execute, and the World Health Organization warns it is a “death sentence” for all vulnerable patients in hospitals. Some families are making their way through debris and blocked roads to seek refuge in the south, without knowing whether it will be safe or not (there are currently several reports of Israeli attacks on those attempting this route). Other organizations, such as the Red Crescent, have decided to stay: “Despite the occupation’s threats to shell; the decision has been made. We did and will not leave. Our medics will carry on their humanitarian duties. We won’t leave people to face death alone.” The United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East (UNRWA) has also refused to evacuate schools where thousands of people are seeking refuge. Some people sought refuge outside their homes, in a repetition of the Nakba, but it is estimated that the majority of the inhabitants of northern Gaza have also decided to stay.
And, while all this is happening, European and Portuguese states and institutions have exclusively expressed solidarity with a colonial state that has been practicing ethnic cleansing against an entire people, while advancing an apartheid regime in Palestine denounced by the Palestinian people for decades and recognized by international organizations such as Human Rights Watch and Amnesty International. Portuguese Prime Minister António Costa, European Parliament President Roberta Metsola, and President of the European Commission Ursula von der Leyen were quick to offer their solidarity and support to the Israeli victims, stating that “Europe stands with Israel and its people.” The Lisbon City Hall raised an Israeli flag; the Porto City Hall lit up with its colors; the Portuguese Parliament, as well as the European Parliament, did the same. These actions amount to a blank check for Israel to carry out the announced massacre.
We call for urgent political pressure to prevent the Israeli state from continuing to commit genocide against the population of Gaza: we demand an immediate cessation of the attacks by the Israeli state, the entry of humanitarian aid into Gaza, UN protection for Palestinians in Gaza, and an arms embargo on the Zionist regime. Our position is clear: this genocide, taking place with the complicity and financial support of Europe, is not done in our name.
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