As II Jornadas do Douro decorreram em Gaia esta semana. Durante as jornadas decorreram mesas redondas e conversas sobre vários problemas que afetam o Rio Douro. O MovRioDouro também organizou um protesto contra a construção do Cais do Cavaco.
Comunicado #MovRioDouro [Julho, 2023]:
Um mês após o encerramento do processo de consulta pública – que
resultou em 128 participações -, o #MovRioDouro manifesta-se contra a obra do Cais do Cavaco e considera que a APDL e a Agência Portuguesa do Ambiente devem apresentar um estudo dos reais impactos dos navios-hotel no rio Douro.
● Movimento não compreende como é que “em 2023, se planeia uma
construção megalómana em cima do rio”
● Depois do anúncio da APDL com a previsão do aumento de tráfego
de navios-hotel até às 37 embarcações em 2035, #MovRioDouro
quer saber qual o “limite razoável” para um rio que considera já estar
“sobrelotado com quase três dezenas de navios-hotel e centenas de
embarcações de outros tipos
O #MovRioDouro, movimento de cidadania em defesa dos rios da bacia hidrográfica do Douro, pede à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana (APDL) e à Agência Portuguesa do Ambiente, que revelem qual o impacto dos navios-hotel no rio Douro. O movimento, que está “manifestamente contra” a construção da mega
infraestrutura do Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia, não compreende “como se pode sequer equacionar a construção de uma infraestrutura que possa aumentar ainda mais a presença destes navios no rio”.
“Há um conjunto de questões pertinentes e até urgentes sobre os usos e os abusos que têm sido cometidos nas duas margens do Douro. Aquilo que temos vindo a assistir nos últimos anos, talvez décadas, é o completo abandono do rio, leito e margens, pelas autoridades públicas responsáveis pela sua gestão, salvaguarda e preservação. É a perfeita demissão dos deveres do estado, central e local, perante a ofensiva dos interesses privados que tomaram para si o seu uso e benefício do rio e das suas margens”, enfatiza António Soares Luz, membro do #MovRioDouro.
Tendo sido uma das organizações a fazer uso da participação pública no processo que terminou a 14 de junho, o movimento questiona o “modelo de desenvolvimento do turismo que se baseia na exploração de um bem-comum para benefício de uma pequena minoria, e cujos benefícios para a sociedade por inteiro, e para as populações
locais, em particular, assim como os impactos nefastos da navegação dos navios-hotel no Douro, nunca foram verdadeira e responsavelmente avaliados”.
Para espanto do #MovRioDouro, em paralelo ao processo da adaptação do cais não existem quaisquer estudos de impacte ambiental sobre o aumento do número de navios-hotel previsto. “É inadmissível a privatização das margens e é intolerável que um património público possa ser alienado e possa estar ao serviço da atividade turística, que se dedica à exploração daquilo que é de todos nós. Ademais, questionamos a ausência de estudos de alternativas para localização e dimensões do terminal, nomeadamente que não se traduzam na construção de um edifício de enormes proporções sobre o leito do rio, e, portanto, com menor impacto no rio. Não haveria alternativas em que se pudessem reabilitar estruturas existentes?”, questiona ainda o membro do movimento.
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