Na noite de 17 para 18 de Outubro deu-se aquele que para nós foi o maior ataque a dignidade humana nestes quase 11 anos de jornalismo cívico, o ataque ao Hospital Al-Ahli na Palestina.
Já aprendemos em não publicar a quente este tipo de notícia de grande impacto e com muitas zonas cinzentas, pelo que só hoje decidimos publicar algo sobre o assunto, não que já tenhamos a certeza do que se passou mas porque acreditamos que este é daqueles eventos que só saberemos a verdade quando alguém envolvido vier revelar o que realmente se passou e queremos que tenhas uma opinião o mais informada possível.
Analisando o que vai na Internet há apenas a certeza da morte de centenas de pessoas, maioritariamente inocentes, já que surgem acusações e consequentes provas de ambos os lados que acaba por criar um enredo digno dos melhores filmes de Hollywood.
Do lado de Israel, depois de primeiro assumir o ataque com uma publicação do conselheiro do governo Israelita Hananya Naftali que rapidamente foi apagado,
seguida por uma declaração a acusar o Hamas, seguido por uma acusação a Jihad Islâmica, dizendo que o incidente foi resultado de um ataque falhado com um rocket.
Depois de alterem por 3 vezes a versão dos acontecimentos publicaram um vídeo de analíse que dizem provar que o ataque é mesmo resultado de um rocket falhado, que os danos causados são muito pequenos para a arma que são acusados de usar
e um áudio de uma possível conversa entre dois rebeldes a falar momentos depois do ataque,
tudo isto apoiado por declarações de uma suposta jornalista da Al Jazeera, Farida Khan, que afirmava ter visto militantes do Hamas realizar o ataque.
Do lado Palestiniano o discurso tem sido mais consistente, apontando o dedo a Israel e mais centrado em expor as incoerências do discurso Israelita, expondo que o primeiro vídeo publico era referente a 2022, que a suposta jornalista era apenas um conta falsa na rede social X,
que vendo um dos vídeos de um ponto diferente se pode ver um luz num outro sector da tela no instante anterior a explosão do hospital que se entende serem os disparos do avião israelita que realizou o ataque
e até que o barulho feito pela bomba utilizada é idêntico ao produzido pelo míssil JDAM, muito usado pelas forças Israelita, que o Hospital tinha sido avisado que o ataque era iminente
https://x.com/ShaykhSulaiman/status/1714767928870985866?s=20
e até que o sotaque dos participantes da conversa gravada pela inteligência Israelita não é de habitantes na zona da Faixa de Gaza
https://x.com/itranslate123/status/1714567990966997240?s=20
Ao longo do dia de ontem foram vários os colectivos e entidades de fact checkers que analisaram as informações do ataque ao hospital e todos concordam que de facto houve um ataque ao Hospital, que estavam a ser usados rockets na proximidade do Hospital mas é aí que entramos nas tais zonas cinzentas que referimos acima.
O número de vítimas flutua muito consoante a fonte, as imagens do resultado do ataque parecem reduzidas para a explosão vista no livestream da Al Jazeera do momento,
a ausência de fragmentos do míssil apresentados como prova, e vários outros detalhes que a nós nos obriga a falar sem apresentar verdades absolutas sobre o ocorrido.
Para ajudar a todo este enredo começam a circular na internet dúvidas sobre a utilização de técnicas de OSINT por algumas contas verificas de redes sociais para disseminar informação dúbia, técnica usada por grande parte das plataformas de fact checks.
Esperamos com este artigo ter-te ajudado a ter uma opinião mais fundamentada do assunto porque eu continuo apenas com a certeza que esta é mais uma página negra da história do homem, o ataque a um local onde feridos são tratados e outros procuram abrigo é inadmissível.
Se tiveres outros pontos que aches interessante adicionar a este artigo não hesites em expor nos comentários abaixo
Pela soberania da informação
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