Após a queda do Governo hoje por motivo de investigações sobre a corrupção na atribuição de direitos de mineração à Lusorecursos para o projecto \”mina do Romano\” em Morgade (Montalegre) – relação já de conhecimento e debate públicos desde 2019 – fica a evidente questão da queda dos projectos mineiros propulsados, propagandeados e impostos pelo ex-Governo e estatistas investigados.
Enquanto o espectáculo político dos necrófagos partidários se inicia, em que nenhum se comprometeu na oposição à mineração, e todos têm olhos postos nas eleições, a questão ambiental e de agressão estatal às populações pouco ou nada é referida.
É responsabilidade dos grupos, movimentos e activistas contra a mineração, em Montalegre e em todos os territórios ameaçados, de levarem a cabo as iniciativas necessárias, e não permitir que o debate se centre somente na habitual corrupção no seio dos sucessivos Governos e de quem a praticará no próximo Governo, sempeterno argumento do mais decrépito politiqueio partidário, mas sim ter o foco na acção concreta, real, imediata, para a desarticulação dos esforços até hoje levados a cabo pelo Estado e pelas empresas nos territórios e da destruição física e decisiva dos projectos mineiros.
A mina do Romano em Montalegre e a oposição popular à mesma no Barroso não ficou conhecida por uma reportagem sobre a corrupção.
Ficou conhecida pela bravura da população que repetidamente negou legitimar Eurodeputados, Legislatura e Presidente da República boicotando fantochadas eleitorais, que negou o terreno às mineradoras, que se mobiliza em Montalegre todos os anos para mostrar a sua força.
Não deixemos que a luta se monopolize no vazio e vão discurso político e partidário. Não esperemos que defendam por nós o que nos cabe a nós defender. Não esperemos que as empresas se vão embora sem sermos nós quem as expulsemos, fisicamente.
Não esperemos que as coisas caiam por si sós sem por sermos nós quem as façamos cair.
Sem luta na rua e nos montes, não há vitória, e sem Governo, sim que poderão sempre haver minas.
É hora da insurgir-se em defesa do território, pelas nossas mãos.
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