Depois da notícia que o JN iria abandonar o centro do Porto (no mesmo dia em que o CC STOP saiu às ruas contra o despejo de 500 músicos, os jornalistas do JN voltaram às ruas.
A Global Media Group, é agora a mesma empresa que detendo 47% da Agência Lusa, tem uma dívida de quase 10 milhões para com a agência, depois de vários anos sem pagar os conteūdos produzidos pelos jornalistas, numa notícia avançada pelo Página Um.
Depois da TSF, agora o JN está em apuros. Além disso, há planos para despedir 150 trabalhadores desta empresa.
Don’t hate the media, be the media!
Pelo segundo dia consecutivo, o JN parou. Não estará novamente nas bancas amanhã, 8 de dezembro de 2023. O site também está por atualizar.
É a primeira vez, em 135 anos, que o Jornal de Notícias deixará de chegar aos leitores dois dias seguidos. Histórico, amargo, mas necessário. Para lutar pela sobrevivência nas próximas décadas.
Manifesto “Somos JN”
Obrigado por se interessar pela nossa causa – o “Jornal de Notícias”. Um jornal de causas, com 135 anos de história de proximidade e de ligação às pessoas. Uma história sobre e para o país, como tantas, mas contada a partir do Norte e do Porto, como mais nenhuma. Agora sob ameaça.
Somos JN – o megafone que dá voz a milhares de pessoas que estão demasiado longe do centro de decisão e dos poderes. Um jornal que é guardião da pluralidade e a salvaguarda de um país mais coeso e democrático, mais unido na sua diversidade. Com um alcance que chega a todos os concelhos do país e às comunidades emigrantes pelo mundo todo.
Somos JN – um jornal que denuncia, que alerta, que ouve. E que resolve. Porque abre janelas para muitos a quem se fecham portas, porque aproxima os que precisam de ajuda e os que a podem dar. Casos individuais, de norte a sul, como o de Elisabete, de Gondomar, que se deitou numa cama após cinco meses a viver num carro; ou de Fernando, do Algarve, que venceu a burocracia que o impedia de tratar um cancro. E casos coletivos, como as famílias de Ribeira de Pena afetadas pela barragem de Daivões, que conseguiram habitações quando a solução passava por contentores; ou o drama das crianças do Joãozinho, que deixaram de fazer quimioterapia num corredor. Não só, mas também, graças à força das palavras do JN, no papel e no site.
Talvez por estar sempre próximo dos outros, o “Jornal de Notícias”, mesmo nestes conturbados tempos para a Imprensa, apresenta anualmente resultados positivos, na ordem dos milhões de euros, e há muitos anos que se afirma nos lugares cimeiros do online. Mesmo com este capital económico e patrimonial, as pessoas que o fazem e que o leem, o JN não é uma prioridade para a nova administração do Global Media Group (GMG).
Esta semana, a administração comunicou, internamente e sem pedir reserva, a intenção de proceder ao despedimento de cerca de 150 pessoas, das quais 40 na redação do “Jornal de Notícias” – que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais. Um corte desta dimensão será a morte do JN como o conhecemos e a destruição da ligação centenária às pessoas, às instituições e aos territórios. Se esta impensável decisão avançar, o título até pode sobreviver mais um ano ou outro, mas nunca será capaz de continuar a fazer a diferença.
Enquanto pessoas que amam a liberdade de Imprensa e todos os dias lutam por ela, quisemos dar-lhe a conhecer esta nossa imensa ansiedade e tristeza, por sentirmos que a machadada que parece estar a caminho do JN poderá ter também consequências numa região, num país e nos milhares de pessoas que diariamente confiam em nós para estar informados e para se fazerem ouvir.
A Redação do “Jornal de Notícias”, Porto, 28 de novembro de 2023
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