“Israel mata, Portugal apoia”, lê-se na fachada do edifício, depois de uma ação de denúncia ao apoio do governo português ao genocídio atual e em solidariedade com a Palestina.
Um grupo solidário com a resistência palestiniana e com o Coletivo pela Libertação da Palestina, o Climáximo e a Greve Climática Estudantil de Lisboa pintaram na fachada do edifício a frase: “Israel mata, Portugal apoia”. Denunciam o apoio do governo português e, particularmente, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a um projeto colonial que, há mais de 75 anos, tem por base a limpeza étnica do povo palestiniano.
Nos últimos quatro meses, este apoio ficou ainda mais claro. Desde 7 de outubro de 2023, o ministro João Cravinho foi rápido a mostrar a sua solidariedade para com o regime sionista. Por várias vezes, defendeu o direito de Israel “se defender”, o “dever de solidariedade [de Portugal] para com Israel” e sublinhou “a amizade entre Portugal e Israel”. Mesmo quando, em janeiro, o Tribunal Penal Internacional aceitou pronunciar-se sobre a petição do governo da África do Sul em relação ao crime de apartheid cometido pelo regime sionista, nunca o governo português se manifestou apoiando essa queixa. Pelo contrário, na mesma semana em que o processo se iniciou no tribunal de Haia, João Cravinho anunciou que o exército português participaria no ataque militar aos Houthis, grupo iemenita que tem realizado várias ações de resistência em solidariedade com o povo palestiniano.
Só no início de fevereiro, quando já mais de 25 mil pessoas palestinianas tinham sido mortas na Faixa de Gaza e quase dois milhões tornadas refugiadas, João Cravinho esboçou, finalmente, o mais parecido que ouvimos até hoje com uma crítica. Disse o ministro: “Já não é aceitável culpar tudo nos massacres cometidos pelo Hamas. Os massacres foram há quatro meses, Israel tem o direito de autodefesa, mas já não estamos a falar, de todo, de autodefesa. […] A União Europeia não pode ser vista como cúmplice de abusos sistemáticos do direito internacional cometidos por Israel.” Mas, mesmo quando tentou uma crítica, nada propôs mais do que o regime sionista afastar-se “de afirmações genocidárias” feitas por membros do próprio governo. Afirmações essas que não são novas e sempre fizeram parte estrutural deste projeto colonial, mesmo antes do passado outubro. Palavras, apenas, não chegam.
Nos últimos dias, o governo sionista autorizou um novo projeto de exploração de combustíveis fósseis na Palestina. O governo português é cúmplice do genocídio quer por recursar-se a defender o fim da ocupação da Palestina tal como por continuar a condenar à morte milhões de pessoas ao alimentar o colonialismo fóssil.
No dia em que João Cravinho se reune com outros ministros da União Europeia, dizemos que não aceitamos menos do que o boicote e a aplicação de sanções ao estado colonial sionista e o desinvestimento em todas as empresas cúmplices com a ocupação.
Não podemos consentir com instituições que apoiam o genocídio. Hoje tornamos impossível ignorar o papel do governo e do MNE na legitimação do apartheid e da limpeza étnica de todo um povo. Lutamos pelo fim da ocupação da Palestina e a autodeterminação do seu povo. Não assistiremos paradas ao genocídio.