Oito apoiantes do Climáximo detidas depois de terem perturbado a circulação no aeroporto Humberto Delgado pela redução da aviação

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Ao início da tarde, oito apoiantes do Climáximo foram detidas após terem erguido a mensagem “Novo aeroporto: Colapso climático” e pintado o átrio e os leitores das portas de embarque do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Quatro das ativistas foram acusadas de dano qualificado e irão passar esta noite detidas nos calabouços da PSP, enquanto as outras quatro pessoas foram libertadas e constituídas arguidas por suspeita de cumplicidade com o crime de dano qualificado.

Inês Teles, uma das detidas, afirmou durante a ação que “é inaceitável que o setor da aviação esteja a crescer e que continuem a existir voos supérfluos quando precisamos de uma redução drástica na mesma para conseguirmos parar o inferno climático para o qual nos dirigimos. Todos os partidos a concorrer a eleições nos próximos dias têm um acordo de expandir a aviação através da construção ou ampliação de aeroportos. Por causa destes e outros planos, prevê-se que daqui a dois anos o Algarve fique sem água. Isto é um ataque às nossas vidas, e é um crime de guerra. Quando nenhum partido que quer governar durante os quatro anos mais decisivos para o futuro da humanidade tem planos para travar a crise climática, resta-nos a nós lutar pela nossa vida e impedir que eles destruam tudo o que amamos”.

O Climáximo aponta a hipocrisia de, após 50 anos do 25 de Abril, se continuar a deter quem luta pelo direito à vida. Hoje, quatro ativistas passam a noite detidas como criminosas, culpadas de resistir contra o colapso civilizacional intencional e planeado, em vez de se resignarem à condenação da humanidade. “Travar a crise climática vai implicar uma grande transformação social e económica, que só vai ser possível fazermos se, como foi feito há 50 anos atrás, a população se juntar e resistir contra o ataque que a crise climática representa à nossa vida e à das futuras gerações.”

Apoiantes do Climáximo perturbaram a normalidade no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa: pintaram o átrio de vermelho, assim como os leitores das portas de embarque e largaram uma faixa onde se lia “Novo Aeroporto: Colapso Climático”. Afirmam que avançar com um novo aeroporto em Lisboa e debater a sua localização é um crime; para travar a crise climática é necessário reduzir a aviação em mais de 90% e apostar em transportes públicos elétricos para todas as pessoas, não num novo aeroporto.

Esta tarde, apoiantes do Climáximo perturbaram a circulação no Aeroporto Humberto Delgado. O átrio foi pintado de vermelho enquanto uma faixa era lançada das galerias onde se podia ler “Novo Aeroporto: Colapso Climático”. Ao mesmo tempo, duas pessoas pintaram os leitores das cancelas que levam às portas de embarque, atrasando o trânsito de passageiros a caminho dos seus voos. Segundo a rede global Stay Grounded, é necessário um decrescimento em mais de 90% da aviação por isso o coletivo vem, com esta ação, denunciar os planos de construção de um novo aeroporto em Lisboa, a expansão deste e/ou a sua deslocação para outro local como um ato de guerra. Aponta que a discussão a ter é sobre como reduzir a aviação para o mínimo essencial de forma justa, o único plano compatível com travar o colapso climático. Pelo menos três pessoas foram levadas pela polícia.

Inês Teles afirma que “existe um consenso generalizado no debate público e entre os partidos que concorrem às eleições que definir a localização do novo aeroporto de Lisboa é uma prioridade máxima da próxima legislatura. Isto só torna clara a hipocrisia total dos partidos que dizem levar a sério a crise climática mas que continuam 100% comprometidos com novos projetos de morte.” Afirma ainda que “ao fim de 50 anos, a resposta ao debate absurdo sobre a localização do novo aeroporto só pode ser uma: no caixote de lixo da história.”

“No ano passado, o aeroporto de Lisboa movimentou 33,6 milhões passageiros, ultrapassando o recorde pré-COVID e atingindo um valor quase sete vezes superior ao registado em 1990,” relembra Inês. “A normalidade do sistema vigente, que não é contestada de forma séria por nenhum partido nestas eleições, projeta um crescimento do número de passageiros, atingindo 85 milhões em 2050. A monstruosidade deste número não deixa lugar a dúvidas: isto é uma declaração de guerra contra a vida e põe de parte qualquer hipótese de cumprimento dos cortes de emissões necessários para parar o colapso, pois a única forma realística de cortar emissões na aviação é reduzir o número de voos.”

O plano de transição proposto pelo Climáximo, com o contributo de diversos coletivos da sociedade civil, sublinha o caráter imprescindível de parar qualquer projeto que aumente emissões, e ancora o debate na necessidade da redução drástica da aviação até 2030, visto que as soluções tecnológicas nas quais a indústria baseia os seus planos de crescimento não são viáveis. Cortar de imediato os voos supérfluos, como os de jato privado, os voos de curta distância (ex: Lisboa – Porto) e os voos noturnos; dar prioridade aos voos de acordo com a necessidade, como por exemplo, para emergências humanitárias ou quando não houver nenhum método de transporte alternativo, assim como desenvolver amplamente e tornar acessíveis as ligações ferroviárias e requalificar os trabalhadores do setor aéreo são algumas das propostas do coletivo por justiça climática.

“Temos que esquecer a ilusão de que a aviação é uma necessidade básica. Metade das emissões deste setor são produzidas pelos 1% mais ricos do mundo, enquanto 80% nunca voou sequer. O que é básico é defender a vida contra os interesses destrutivos do lucro e transitar do meio de transporte mais desigual que existe para transportes terrestres movidos a energia limpa e acessíveis a todas as pessoas,” afirma Inês.

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