Na madrugada da passada terça-feira dia 02 de Abril, em Setúbal, quatro jovens, incluindo menores de idade, foram violentamente agredidos em plena via pública por agentes da PSP. Este ato terá ocorrido na sequência de uma suspeita de furto de uma viatura. As imagens difundidas nas redes sociais mostram os jovens a serem agredidos enquanto eram imobilizados no chão. Foi dado conhecimento oficial de que foi iniciado um processo interno de averiguação na PSP e um inquérito na Inspeção Geral da Administração Interna para esclarecer a ocorrência de violência policial. As imagens são de violência. As imagens são de agentes da PSP a agredir os jovens. Nunca é de mais relembrar que as forças policiais deveriam ser garantes do Estado e da Constituição da República Portuguesa, com dever de proteção para com todas as pessoas. Não é aceitável que uma força que deve ser protetora seja antes uma agressora quando perante pessoas racializadas. É essencial investigar com rigor e isenção as agressões perpetradas, identificar os seus responsáveis e condenar os mesmos. E é fundamental prevenir outros episódios de violência. O recrutamento e formação dos profissionais das forças de segurança tem de incluir critérios e medidas explicitamente focadas na prevenção de ódio racial e xenófobo. Mais ainda, as atuais metodologias de abordagem a pessoas racializadas têm de ser revistas e excluir todas formas de agressão. Os mecanismos de acompanhamento, vigilância e condenação da violência policial têm de funcionar sem entraves e com o devido escrutínio e as vítimas têm de ter justiça e de ver reparados os seus danos. O ambiente político que se vive hoje, ano em que se comemora os 50 anos do 25 de abril, confronta tragicamente as suas conquistas. Duas décadas depois do fim do regime de conscrição no país, vemos retomar na sociedade o debate sobre a militarização e reintrodução do serviço militar obrigatório. Vemos 50 deputados de extrema-direita no parlamento e um agravamento do clima de vulnerabilidade para as comunidades racializadas e migrantes. Por estes motivos, num nunca é demais reafirmar que é fundamental condenar a violência policial. Não faz ainda um mês que a Polícia de Segurança Pública (PSP) apagou uma publicação nas redes sociais em que na legenda se lia “A nossa missão é garantir a sua segurança” e numa imagem em que elementos da PSP estão junto à manifestação do passado dia 3 de Fevereiro, organizada pelo grupo neofascista 1143, da qual Mário Machado diz numa publicação na rede social ter “orgulho” em ser membro. O SOS Racismo solidariza-se com todas as vítimas de violência policial e estará ao lado de todo/as o/as cidadão/ãs agredido/as que divulguem os atos de violência a que foram submetidos e apresentem queixa no Ministério Público – para que não sejam silenciado/as e para que não fiquem sozinho/as. A violência policial é inaceitável e o seu fim não pode ser adiado!
Publicação original na SOS Racismo
https://www.sosracismo.pt/geral/a-violencia-policial-e-inaceitavel
Video:
https://www.jn.pt/3866542919/agentes-da-psp-filmados-a-agredir-suspeitos-de-furto-de-carro/