Comité de Solidariedade com a Palestina | BDS Portugal:
Carmona Rodrigues, presidente das Águas de Portugal, reúne-se com o embaixador do estado genocida de Israel para discutir “possíveis colaborações futuras entre Israel e Portugal no domínio da dessalinização da água, da gestão da água e das tecnologias da água”.
Foi com apreensão que tivemos conhecimento de uma recente reunião entre o embaixador do estado de Israel Dor Shapira e o presidente da Águas de Portugal, Dr. António Carmona Rodrigues.
A propósito desta, Dor Shapira revela que foram discutidas “possíveis colaborações futuras entre Israel e Portugal no domínio da dessalinização da água, da gestão da água e das tecnologias da água” e que “temos [Israel] algumas soluções que estamos prontos a partilhar”.
A gestão da água de que fala o embaixador é precisamente uma das vertentes importantes da política de ocupação, apartheid e agora de genocídio, levadas a cabo pelo estado que representa. Das reservas de água dos territórios palestinianos ocupados, 80% são controladas por Israel, sendo uma grande parte desviadas dos aquíferos para abastecer os colonatos e as bases militares que os protegem.
De acordo com um relatório de Maio de 2023 da ONG israelita B’tselem, os colonos da Cisjordânia consomem uma média de 247 litros diários, em contraste com os 82 litros diários da população palestiniana, da qual apenas 36% dispõe da água corrente necessária, para não mencionar a imensa escassez a que é condenada a agricultura.
Em Gaza, o acesso da população à água tem sido deliberadamente restrito e sabotado como parte de uma política de guerra consciente À que configura um crime contra a humanidade, expresso nas palavras do ministro da defesa Yoav Gallanta.
9 de Outubro passado quando anuncia um corte deliberado deste precioso recurso aos residentes da Faixa, visto estes tratarem-se, segundo o mesmo de “animais humanos”.
Em 2009, a EPAL, empresa do grupo Águas de Portugal, celebrouum acordo de cooperação com a companhia de águas israelita Mekorot, com o objectivo de “trocar informação e conhecimento técnico” sobre questões como a segurança e qualidade da água.
Um conjunto de organizações escreveu na altura à EPAL, lembrando-lhe que a ocupação da Palestina configura uma violação do direito internacional e informando-a do papel que a Mekorot tem na definição das políticas de usurpação e utilização das águas palestinianas.
Iniciou-se então uma campanha de pressão, com uma série de iniciativas, inclusive junto dos grupos parlamentares e do governo português.
Em resposta a esta campanha, a EPAL informou que em 2010 se tinha dado uma rutura do acordo que-deveria ter vigorado até 2014.
Face à recente manifestação de interesse por parte da embaixada. israelita em partilhar “soluções” alicerçadas na colonização, no apartheid e no genocídio, apelamos a que a Águas de Portugal, fiel à sua missão de “promover o bem-estar através da melhoria da qualidade de vida das pessoas” e da “equidade no acesso a serviços básicos”, assuma o compromisso de recusar quaisquer colaborações com agentes de crimes contra a humanidade que utilizam a água como instrumento de uma política racista e genocida.
Deixe um comentário