nem mais um assassinato racista!
nem mais um dia de genocídio!
da palestina a portugal
de beirute ao zambujal
globalizar a intifada!
Na madrugada da passada Segunda-Feira, 21 de Outubro de 2024, o Estado Português levou novamente a cabo uma execução extra-judicial de um trabalhador negro.
Odair Moniz, 43 anos, residente do bairro do Zambujal na Amadora, foi alvejado por um agente da PSP em mais uma demonstração da desconsideração a que são votadas as vidas negras em Portugal e do sentimento de impunidade reinante entre as suas forças policiais. O seu nome junta-se agora a uma longa lista de vítimas para as quais o encontro com o Estado português se revelou fatal.
À semelhança dos inúmeros casos de violência policial do passado, tudo surge numa nuvem de (in)certeza que marca rapidamente a ação do agressor como um mal necessário. Neste caso, a mentira rapidamente disseminada sobre um carro furtado em fuga.
Perante a tentativa defraudada de inscrever a vítima como assaltante em fuga, surge assim o refúgio habitual da legítima defesa perante a ameaça de uma arma branca que resultou em ferimentos fatais no peito de Odair.
Esta violência direta por parte do Estado português não pode ser dissociada de um contexto político nacional marcado pela normalização do discurso racista e do crescimento das forças políticas da extrema-direita, com a sua consequente legitimação da violência estatal e extra-estatal contra todas as pessoas racializadas, contra as mulheres e contra pessoas queer, trans e não-binárias.
Por sua vez, este contexto nacional não pode ser separado do contexto internacional que vivemos, marcado por um genocídio racista levado a cabo desde há mais de um ano pelos regimes imperialistas, colonialistas dos Estados Unidos, Canadá e dos países europeus, contra as populações da Palestina, do Líbano, da Síria, do Iémen, do Iraque — através do seu enclave sionista no Médio Oriente — mas também do Congo, do Sudão e do Sahara Ocidental.
Tal como os assassinatos e a violência racista em Portugal, também a violência abominável do Estado de Israel não é uma excepção: historicamente, ela insere-se numa longa história de violência e extermínio colonial à escala planetária; presentemente, constitui a ponta-de-lança de um novo fascismo global que remete um número crescente das populações racializadas da maioria global à categoria de populações excedentárias, concentradas em colónias, campos, bairros, prisões e demais zonas de excepção, passíveis de ser arbitrariamente eliminadas a qualquer altura.
Do assassinato de Odair ao holocausto nas tendas do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa em Deir Al-Balah, Gaza, à repressão de estudantes e manifestantes anti-genocídio no Ocidente: tudo isto é o que as nossas classes dominantes e os nossos governantes decidiram que passará a ser normal.
A luta pela libertação da Palestina é, portanto, um combate global. Enquanto parte do movimento de libertação da Palestina em Portugal, expressamos a nossa total solidariedade em primeiro lugar para com a família, amigues e vizinhes enlutades de Odair Moniz, mas também para com todas as pessoas da classe trabalhadora negra e racializada em Portugal forçadas a suportar quotidianamente a brutalidade e a desumanização do regime racista e colonial de um país que depende da sobre-exploração da sua força de trabalho.
Em Portugal como na Palestina, a nossa solidariedade não confunde quem oprime e quem resiste à opressão. Da mesma forma que nos recusamos a condenar a resistência heróica por parte da população palestiniana, cujas organizações de resistência armada foram capazes de inflingir um humilhante golpe ao ocupante sionista, continuando desde então a resistir orgulhosamente face às formas mais brutais de violência, apoiamos e apelamos à participação em todas as formas e momentos de resistência e combate contra o Estado racista português que vierem a ser adoptadas e convocados por parte das populações negras e racializadas de Portugal em luta pela sua libertação, auto-determinação e dignidade.
Odair Shaheed, presente!
Honra e glória a todes es mártires!
Da Palestina a Portugal, abaixo todos os regimes e governos colonialistas racistas e assassinos!
De Gaza à Cova da Moura — Globalizar a Intifada!
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