A SACHOLA nasceu em junho de 2023 e partiu da vontade coletiva de criar um espaço de encontro entre quem habita o território barrosão e quem com ele se solidariza.
Generosamente, foi-nos cedida uma das salas da antiga escola primária de Covas do Barroso. Aqui, organizámos sessões de cinema, concertos, reuniões, exposições, residências artísticas, e albergámos gente vinda de todos os cantos do mundo para lutar lado a lado com as populações barrosãs. Foi também aqui que mantivemos um centro de informação em permanência, com documentos, panfletos, zines, flyers, cartazes e jornais sobre a luta.
Este foi um espaço importante, onde pudemos conviver, aprender e experimentar. Foi sobretudo um espaço que, durante ano e meio, serviu de apoio a muita gente que veio ajudar na luta contra a mineração – foi na escola que dormimos, que cozinhámos, que descansámos.
Agora, sentimos a necessidade de criar um novo espaço, onde possamos continuar a fazer tudo isto, de forma autónoma. Queremos que este novo espaço seja ponto de encontro, de convergência e de acolhimento para todas as pessoas que querem cuidar do Barroso.
Já temos um espaço à nossa espera. Mas é uma casa que precisa de várias obras, amor, cuidado, rebeldia e criatividade.
Para erguer esta casa, apelamos à vossa solidariedade e generosidade. Para começar, pedimos-vos que continuem a organizar benefits nos vossos espaços e territórios. Dentro de algumas semanas, iremos também iniciar uma campanha alargada de angariação de fundos. Em breve, iremos igualmente organizar as primeiras jornadas de construção.
Sendo uma vontade antiga, foi o momento atual que acelerou esta necessidade de criar um espaço. A empresa britânica Savannah Resources está a entrar em força nas aldeias de Covas do Barroso, Romainho e Muro, ferindo as águas e as terras, e trazendo os seus trabalhadores para estas aldeias. Até à data, já ocuparam três casas.
Esta entrada em força é uma tentativa de penetrar num território em que o projeto não é aceite. Em maio de 2023, a Agência Portuguesa do Ambiente exigiu que a empresa realizasse mais prospeções em terrenos privados e baldios. Esta condição é essencial para que a empresa possa apresentar o RECAPE (Verificação da Conformidade Ambiental do Projeto de Execução) e receber a licença ambiental final. Não tendo acesso aos terrenos para realizar estas prospeções, a empresa requereu uma “servidão administrativa”, que lhe foi concedida pela Direção-Geral de Energia e Geologia, a 6 de dezembro de 2024. Esta servidão dá o direito à empresa de entrar e trabalhar em terrenos privados e baldios para realizar essas prospeções. Esta servidão – amplamente contestada pelas populações e associações locais – foi suspensa a 6 de fevereiro de 2025, graças a uma providência cautelar interposta por três particulares. Contudo, essa suspensão durou apenas duas semanas, pois o Ministério do Ambiente apresentou uma “resolução fundamentada”, argumentando que a realização de prospeções é do “interesse nacional”. Assim sendo, desde 24 de fevereiro de 2025 que a empresa retomou os seus trabalhos no terreno.
Queremos garantir que as populações do Barroso não estão sozinhas nesta luta contra os delírios extrativistas. Queremos garantir que o Barroso – região classificada como Património Agrícola Mundial pelas Nações Unidas – não é esventrado para que uns poucos lucrem com essa destruição. Queremos viver num mundo de florestas densas, hortas abundantes, rios limpos, águas puras; um mundo onde pessoas livres convivem em harmonia com outras espécies.
Um mundo assim começa por criarmos espaços onde seja possível sonhá-los.
Ajuda-nos a erguer esta casa.
Mais novidades em breve.
Até já,
A SACHOLA
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