Direito à habitação.
Para milhares e milhares de pessoas que sofrem da crise habitacional, esse direito fundamental passou a ser nada mais que três palavras vazias.
Sabemos, no entanto, que a crise não é de todxs. O absurdo aumento de rendas está a encher ainda mais as bolsas dos fundos de investimentos e dxs proprietárixs do setor imobiliário português e internacional.
São eles que, nos dias 19 e 20 de setembro, se reúnem na 7ª edição do “Portugal Real Estate Summit”, o maior encontro anual do sector imobiliário em Portugal, no luxuoso Hotel Palácio Estoril, discutindo o que chamam de “oportunidades de investimento”.
Mas: a vossa “oportunidade” é vender a nossa dignidade e as nossas vidas. No entanto,as nossas vidas não são activos financeiros sujeitos à “dinámica” do vosso mercado, incentivado por um estado corrupto que nos vende por poucos tostões.
“If this is the decade of Portugal, the real estate opportunity is now!”, lê-se na apresentação deste evento.
A vossa década, cheia de “oportunidades” para a especulação, em vez de cuidar das cidades e das necessidades dxs habitantes, traduz-se em despejos, em cidades cada vez mais inacessíveis, reservadas a ricos/as e fantasmas. É devido à especulação que temos atualmente cerca de 723.215 casas devolutas ou vazias em Portugal, 48.000 das quais apenas em Lisboa.
É devido à especulação que assistimos ao aumento constante de demolições e despejos, de pessoas em crise habitacional e em situação de sem-abrigo. A vossa década é a nossa condenação à miséria.
Todxs precisamos de uma casa para viver e de um planeta para habitar!
O 30 de setembro saimos à rua!
Junta-te à luta!
É em encontros como este – onde se desenvolvem as estratégias para espremer ainda mais o mercado imobiliário – que está em jogo o nosso futuro.
O futuro de trabalhadorxs e estudantes, de despejadxs e deslocadxs, de pessoas em situação de sem-abrigo e migrantes.
Um bilhete de entrada nesta festa de especulação no hotel de cinco estrelas custa 2.029€. São 2.029€ o custo para moldar o futuro do setor imobiliário português. Os 2.029€ que nós temos que pagar para acomodar as nossas famílias em apartamentos excessivamente caros, os representantes da Savills, JLL Residencial ou Arrow Global pagam para participar neste encontro antidemocrático e injusto, onde fazem networking entre privado e público.
E é por isso, recorda-se, que o atual presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, também estará presente como orador, num lugar onde os “interesses estão alinhados e as oportunidades de investimento são claramente identificadas”.
Sabemos que a crise habitacional não se resolve com investimentos que favorecem ricxs e xs turistxs. Sabemos que a crise climática não se resolve com empresas que preferem deixar decair edifícios funcionais para poderem construir hotéis, apartamentos de luxo e campos de golfe.
E sabemos que enquanto o capital financeiro tenta apropriar-se das cidades, a resistência dos/as moradores/as já começou e vai continuar. Com esse espírito de resistência, temos que continuar a lutar contra a violência do capital imobiliário.
O video e texto foram publicados na página da STOP Despejos.
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